sábado, 23 de outubro de 2010

Life's never good enough

Estou com sono. Ontem saí até tarde. De manha tive sessão de cinema com a família e são 16:18 e estou a desesperar. Não sei para que lado me virar, não consigo parar de ouvir musicas do Pedro Abrunhosa e chorar a pensar na Joana. Há dias era a Liliana. Mas ela desiludiu-me. Mas a culpa é minha, quem acha demais das pessoas sou eu.

Tenho a mania de acreditar que existem pessoas perfeitas. O nível de "desapontamentos" este ano subiu em flecha. Apetece-me atirar de uma ponte com uma corda nos pés. É isso. Quero fazer bungee jumping. Quero sentir o meu corpo em direcção ao chão duro. Quero sentir o meu corpo em queda livre, quero sentir a minha vida por um fio e ficar de pernas para o ar, para poder ver o mundo direito. Quero sentir-me preso à única coisa que me faz viver. Que coisa é essa? Por muito tempo acreditei que fosse a Joana. E começo a acreditar que seja ela. Mas até ela se comporta de maneira estranha. Que se passa neste mundo? É nestes momentos que reverto para as questões da vida

(cai-me uma lagrima)

Que estamos aqui a fazer? O que é que se está a passar à nossa volta? Sinto tudo e todos completamente fora de si. Até eu. Quero encontrar o caminho que me leverá à plenitude. Mas não consigo. A única coisa que me fez viver todos estes anos foi pensar que um dia iria encontrar alguém que me fizesse feliz, alguém com quem partilhar a única coisa que temos de valor neste mundo, a nossa própria vida. E encontrei-a. E vivi muitos bons tempos, mas os caminhos dividiram-se. Um para sul outro para norte. Como o Sol e a Lua que se encontram de longe a longe. A minha vida começou a desmoronar depois desse momento. Até hoje não consegui recompor-me. Tenho picos de felicidade. Mas a minha vida tem sido na sombra do passado. Não há ninguém que me dê o valor que ela me deu.

(cai-me outra)

Quero-a de volta. Quero-a só para mim. Quero voltar a sentir uma ligação quase eterna. Uma ligação pela alma. Quero poder sentir cada batimento do teu coração. Quero ouvir a tua respiração. Quero sentir a tua pele debaixo dos meus dedos. Quero sentir os teus labios encostados aos meus (mais uma vez).

Estou confuso. E só quero desaparecer.

Adeus

terça-feira, 19 de outubro de 2010

19 de Outubro

7h

Acordo, sinto o frio matinal, e enrolo-me mais uma vez nos lençóis. Vem-me à cabeça a música que tinha ouvido antes de adormecer, imagino-me já a correr pelo campus como tinha planeado. Mas só me apetecia ficar enrolado naquele ventre quente que não era nada familiar. Penso, e penso mais uma vez. Ela não sai e não quer sair. Porquê? Não sei. Tudo o que sei é que a vida é um mistério e não há razões, apenas porquês. Olho para o relógio projectado no tecto. São 7h10, já devia estar na cozinha vestido e pronto a correr. Não quero. Tenho de me levantar mas não quero. Vou ficar só mais um bocadinho.


12h

Acordo sobressaltado, a Maria acordou-me. João já passa do meio-dia. Lá se foi a aula. Mais uma. Tenho de acordar para a vida, os planos estão na cabeça. Mas nada sai como quero. Tento deitar-me cedo mas nao adianta. Tomo banho e visto-me. Não há nada que faça sem que a Lili não me apareça nos pensamentos. Já me chamaram pinga-amor e sempre neguei. Mas começo a achar verdade. A história que tenho com o sexo oposto é longa e complexa e cada vez se torna mais complicada. São as mulheres as complicadas? Ou são os homens? Questões que me fazem querer desistir de tudo. Mas a vida é mesmo assim. Há que saber enfrentar os desafios.

Saio de casa e vou ao café. Nem almocei. Preciso de atinar. A Maria vem comigo. Somos praticamente inseparáveis, tudo ou quase tudo graças ao viver-mos juntos. Sinto que ela é das poucas pessoas em quem posso confiar. Ela é sem dúvida quem me prende a esta cidade. Já muito e muitos me agarraram e largaram. Ela não.

Já são 13h
e ainda não entrei na sala. Olho para o telemóvel. Nada. Nem uma única mensagem a responder-me ao "semi desespero" de ontem. Sinto-me especialmente diferente de todos. Sou a única pessoa que conheço que não consegue ocultar, nem mentir. Tudo o que me vem à cabeça digo aqueles em quem consigo confiar e desabafar. São poucos. Muito poucos. Uma mão chega para contá-los, secalhar até meia mão.
Voltam-me os pensamentos de quando era adolescente e inconsciente. Apetece-me fugir e isolar. Porque? Mais uma vez, não sei. São estas questões que me mantém vivo. Tal como alguma uma vez num sitio qualquer disse "A felicidade não é um destino é um caminho" ou então "A vida não é a felicidade com momentos tristes, é tristeza com momentos de felicidade"
Não concordo nem discordo com nenhuma das duas. Afinal , ao que já passei tanto posso afirmar como negar ambos os provérbios (se é que o são).
Duas décadas desde que saí para o mundo, e em duas décadas sinto que ja vivi quatro. Sinto que tenho muito para viver, mas que já vivi demasiado para a idade e mentalidade que tenho. Coisas e situações inimaginávies para quem lê ou mesmo para quem (mal) me conhece. Para os outros sou um gajo normal com provavelmente má fama por razões pouco importantes, razões de "revista cor-de-rosa".

16h

Saio da sala e dirijo-me aquele edificio renegado e especialmente desenhado para "aqueles". Ela está lá. Vou ao bar e encontro alguém que me fez sorrir verdadeiramente pela primeira vez na vida. Não a conheço, mas é uma das razões que me poderá fazer voltar àquele edifício requisitado. O espritio e energia que me transmitiu foi mesmo especial. Um dia vou lá e agradeço. Estava a cantar "sai, sai da minha vida..". Curioso, estava a cantá-lo e não consegui encontrar pessoa mais sorridente no meu dia inteiro. Depois de lhe sorrir ela responde-me com palavras e inicío o que poderei com toda a certeza afirmar, o diálogo mais incomum de todo o dia, não pelo seu conteúdo mas mais uma vez pela capacidade de me fazer sorrir intemporalmente.
Outra curiosidade, e agora revertendo para o conteúdo da dita conversação, foi o facto de me contar ou, para os mais curiosos "confidenciar" , que não "O" queria deixar (relativamente à musica que soava pela sala iniciada pela mulher que me atendia ao balcão). Então pergunto-me eu, porque estava ela a cantar uma musica tão "amorosamente" repulsiva e a afirmar que não queria deixar o seu amado? E conseguiu fazer-me sorrir durante todo o meu diálogo.

Sento-me já com o metade da minha nata comida, e um Compal na mesa, com o meu telemovel , mais uma vez em branco, à espera que tamanha donzela saísse da sua sala para irmos até à pre-selecção de moda à qual nos tinhamos iscrito. E lá fomos, com o céu mais brilhante que nunca, até ao edificio antigo por trás das imponentes instalações da muy nobre academia.

16h e quase 17h

Ouço "partiram o vidro" olho para trás e estava a bela da donzela perplexa a olhar para o vidro traseiro de um carro da década de 90. Mais um. Assaltos na mais antiga das terras deste país. Eram frequentes no ultimo mês. Setembro e Outubro deram chegada, ao que parece, aos mais frequentes roubos dos últimos tempos.
"Universários" disse eu para a Dona, que nos é como uma segunda mãe (sem ofensas, ou encargos envolvidos), já dentro do café e após lhe ter contado o que tinha visto. Como é possivel pessoas que supostamente se estão a formar e que têm educação e mentalidade suficiente para saberem o que é errado, e que se dedicam a tão rude acto. Mas é a sociedade em que este mundo vive, reles e imunda.

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