domingo, 26 de dezembro de 2010

As simple as love!

Tudo é amor.

Seja qual for o desejo, se resume a amor. Dinheiro, posses, pessoas, crenças, deuses, materiais, felicidade. Todos os objectivos são feitos de amor. É por amor a algo ou alguém que se vive.  Ao sentirmos, amamos. Ao querermos, amamos. Ao amarmos, criamos. Cinge-te ao amor, e alcançarás.

Trago-vos a história do Tio Patinhas (para quem não conhece, uma personagem de banda desenhada, muito forreta). Este individuo vive para uma só coisa, dinheiro. Podemos então dizer que ele ama o dinheiro, e por o amar, consegue milhões de zeros. Com amor ao dinheiro criou um império vasto e extenso de amor, amor pelo dinheiro.

Trago-vos a história de Jesus Cristo. Por amar, criou uma religião com visão a unir as pessoas e ensiná-las a amarem-se umas às outras assim como amá-lo.

Trago-vos a história dos vossos pais. Por se amarem, deram-vos vida.

Trago-vos a história dos vossos avós. Por amarem, vocês existem.

Trago-vos a história de qualquer líder. Por amar, o seu povo ou quaisquer benefícios que consiga com o seu poder, ele alcança.

Trago-vos a história da minha mãe, que por me amar a mim e aos meus irmãos, nos proporciona tudo o que muita gente não poder ter.

Trago-vos a minha história, que sem o amor dos pais e avós, não estaria aqui a escrever, não existiria como pessoa, não tinha objectivos nem felicidades.
Trago-vos a história de quem possa amar, que me faz sentir vivo a cada dia que passa, que me faz sonhar a cada hora que passa, que me faz desejar a cada minuto que passa, que me faz querer a cada segundo que passa.

Tudo o que posso concluir é que a vida sem amor não faz sentido. Não somos apenas um ser racional. Não evoluímos apenas pela razão. Se a razão fosse a nossa via de existência, não existiria crise, não haveria problemas mundiais, porque pela razão tudo se resolve, tudo se soluciona.

Tudo o que nos guia é o amor. Afinal é a única coisa que nos faz questionar  a razão, o pensamento. Que nos atormenta quando sabemos que contradiz a razão. Que nos guia quando mais desesperamos. Que nos une quando mais precisamos. Então porque não viver segundo o amor. Porquê recorrer a ele apenas quando desesperamos? A partir de hoje viverei cada segundo, cada minuto, cada dia pelo amor que sinto pelos que me rodeiam, pelos meus objectivos. E dar valor a quem nos ama. Pois são esses que nos ajudarão a trespassar todas as barreiras e curvas apertadas que a vida nos reserva. Seguir o nosso sonho a todo o custo, mas sem passar por cima de nada nem ninguém. Somos todos semelhantes, e nenhum superior a outro. Respeitar e amar foi sempre o que quis às pessoas que me rodeiam. 

Agradeço aos meus pais que me apoiaram em todos os momentos fáceis e dificeis, simples e complexos, bons e maus, grandes e pequenos, de ódio e amor. Agradeço a quem me faz feliz todos os dias, que me faz desejar viver mais um dia só para a poder ver mais um dia, mais uma vez, poder sonhar mais um pouco e mais além.

E agora, apenas para ti:

És tu que me fazes sentir o auge da felicidade e da vontade, que me guias inconscientemente para o caminho certo, que me fazes ver a razão. Por amar, raciocínio, quero, desejo, sonho, vivo, e amo de volta!
Quero poder sentir esta revolta positiva dentro de mim, quero aprender a gostar tanto de mim como tu. Quero que gostes tanto de ti como eu. Quero que me dês a mão e me ajudes a caminhar ao mesmo tempo que eu te ajudo. Quero apoiar-te como quero que me apoies. Quero confraternidade, carinho, amizade, simplicidade e complexidade, quero evoluir como ser e pessoa, quero elevar-me contigo lado a lado, para sempre. Obrigado por me fazeres sentir assim, com sentido.

Quero-te feliz ao meu lado como eu ao teu. * 

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

a very special night

Onze da noite do dia vinte e um de Dezembro de dois mil e dez, terça-feira.
Estou eu sentado na minha cadeira de escritório com o candeeiro ligado, aquecedor à frente e "teclar" incansavelmente, a sorrir para o pc. Ela é bem especial. Disso tenho a certeza. Partilhamos gostos e desgostos. Estou a gostar de a conhecer. A cada dez centimetros de conversa tudo se torna cada mais interessante. A cada hora que passa parecem segundos. O tempo voa e não perdoa. O tempo é gasto, mas da melhor forma, com a melhor companhia.

Estou a sorrir para o ecrã. Brincamos, ri-mos, aparvalhamos, mas no fim...

pum-pum.

Começo a sentir-me exaltado. Tudo à minha volta parou. A única coisa que sinto é o sangue. A bombear pelas pernas, pelos braços pela cabeça e principalmente no coração. Tenho o coração aos saltos e ele quer sair, não me contenho. Levanta-mo, esperneio, estico-me, deito-me, mas nada resulta. Passaram 2min e pareceram 20. Que se passa? Já não estava assim há muito tempo. Há muitos meses. O coração não para. Milhares e milhares de futuras recordações iluminam-me. Imagino 300.000 imagens por segundo a figurar-nos. Aqui, ali, de pé, sentados, deitados, a correr, a saltar, a nadar, a rir, a sorrir, a dormir, a ver um filme, a ouvir musica mas principalmente JUNTOS.

Finalmente deito-me. Ponho os fones no ouvido e carrego no play antes sequer de ver que musica era.
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Incubus - Anna Molly
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Incrivel, como é possivel? adormeço..


É ou amor ou não sei. Mas gosto, gosto muito.

Um passo de cada vez.
até já

domingo, 19 de dezembro de 2010

Everything's falling apart, cheer up!

Quando tudo desaba.
É hoje. Tudo desabou mesmo em frente aos meus pés. Acordo. Ouço uma voz doce e mandriona. Não quero sair da cama e tento adormecer outra vez. Acorda João, tens de acordar. "João vai buscar os teus avós".

Levanto-me sobressaltado. Visto-me sem me lavar, saio todo desamparado de casa, calças tortas, cordoes desapertados, cabelo despenteado, descomposto. Olho para o retrovisor, olho-me nos olhos. Mais um dia, mais um stress. Ligo o carro e sinto o frio a regelar-me os ossos. Tudo o que fiz em 10 min custumo fazer numa hora. Não podia deixa-los à minha espera.

Arranco e sigo caminho. Só consigo pensar no que tenho para fazer. Amanha Lisboa. Mas ainda tenho de passar nos correios.

E estudar? Antes do Natal já não consigo. Hei, mas amanha vou para Lisboa e nao estou em condiçoes de ir.

Só me apetecia ter uma caçadeira debaixo do banco! Só me apetecia dar uma guinada enquanto atinjo os 100 na auto-estrada. POR FAVOR, que me caia um meteorito em cima. Quero ir desta para melhor. O que vale é que nao acredito em mim e tenho medo de mim, senao coisas bem piores ja tinham acontecido.

Hoje é sem duvida dos piores dias da minha vida. Acho que nunca me passaram tantas tendencias suicidas por segundo na minha vida. "1001 maneiras de morrer", vai ser o meu primeiro livro.
Viver é dificil. E não ha nenhum manual ou video instrutivo que nos ensine a encarar com o que nos deparamos diariamente.
Neste momento, o que me vai no coração é revolta, mas só há uma pessoa em quem consigo pensar neste momento. Se não fosse ela acho que não estava a escrever isto neste momento. Ela é sem duvida a melhor pessoa que poderia ter conhecido, obrigado por tudo. Amo-te, e não tenho problema em admiti-lo em frente a quem for preciso. Espero que nunca nos separemos completamente. Que cada um siga o seu rumo de vida, mas que consigamos estar juntos de vez em quando. É a ultima pessoa que quero perder. É sem duvida o meu apoio, o meu suporte, o meu alicerce de vida. Sem ela e a sua palavra, muito ou nada era igual. esquerda e direita nao faziam sentido, passado e futuro se misturavam, escuro e claro nao se distinguiam. Sem ela tudo o que nao é fisico começa a fazer sentido. Não conseguia viver com outra pessoa que não TU.


Tudo o que atinja o fundo, nao pode piorar.
Estou mal, mas em breve estarei mal. Sinto-me a pior pessoa do mundo. Então só consigo ver coisas positivas, se me sinto a pior pessoa do mundo, então tudo o que me aconteça daqui para a frente so pode ser bom. Um chocolate, um beijo, um sorriso, um carinho, uma mensagem, uma chamada, um toque, uma musica, um olhar, uma vibração, um gesto, um carinho, uma luz, uma passada, uma brisa, ...

Um simples nada, é um tudo! Anima-te João, olha à tua volta. Que mais podes querer? Tens tudo que muitos não têm. Porque estar assim?

Se alguem me souber dizer o porque de uma pessoa sem aparentemente razoes nenhumas, consegue sentir-se a pessoa mais reles de sempre. Vivo entre 4 paredes de tortura, onde cada gesto e palavra sao julgados. Sera por isso? Pensarei eu demais no que os outros acham? Começo a acreditar que nao gosto de mim, por me preocupar com a opiniao dos outros. Quero ser mais e melhor, quero ser melhor do que aquele gajo que trai, quero ir mais alem do que aquele preguiçoso que ficou na cama, quero correr mais do que todos, quero tocar o sol.

Quero ser mais e melhor. Quero ser mais que eu.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Um pouco de curiosidade para toda a gente

Originária da região do norte do Afeganistão,a planta Cannabis Sativa, a erva, é utilizada há aproximadamente 6.000 anos. O primeiro escritor a mencionar o uso do cânhamo em cordas e tecidos é Heródoto, um historiador grego que é considerado o pai da história.
A fibra do cânhamo, presente no caule da maconha, foi muito utilizada nas cordas e velas dos navios gregos e romanos, e era usada também para fabricar tecidos, papel, palitos e óleo.
A erva também era muito utilizada na medicina: na Grécia era utilizada para tratar de prisões de ventre e dores de ouvido. Na China e na Índia, assim como em povos africanos e indígenas, era utilizada para curar prisão de ventre, malária, reumatismo, dores menstruais e como analgésico.
Na Índia, a erva era usada na medicina ayurvédica e na religião hindu. Na mitologia, era a comida favorita do deus Shiva e por isso, tomar bhang, uma bebida que contém erva, aproximaria Shiva. A tradição Mahayana do budismo diz que antes de alcançar a iluminação, Buda passou seis anos comendo uma semente de erva por dia, nada mais.
Já conhecida nos tempos do Império Árabe, a erva ganhou popularidade entre os muçulmanos quando foi proibido o consumo de bebidas alcoólicas e o seu uso só diminuiu na Idade Média.
O cultivo da erva se expandiu da Índia para Mesopotâmia e depois para o Oriente Médio, onde já era conhecida. Daí se espalhou para a Ásia, depois para a Europa e desta para a África, onde passou a fazer parte de rituais de certas tribos.
As plantações da erva na Europa eram destinadas à fabricação de produtos com a fibra do cânhamo e raramente era consumida como droga alucinógena.
Durante a Renascença, a erva era um dos principais produtos agrícolas da Europa, tendo grande importância econômica: as fibras do cânhamo eram usadas para fazer tecidos, papel e telas para pinturas. No século XV, os livros impressos depois da revolução de Johannes Gutemberg, o inventor da imprensa, eram feitos de papel de cânhamo, assim como as velas e as cordas das caravelas.
O cristianismo, que só aceita entre as drogas o álcool, começou a desenvolver uma certa antipatia com as plantas alucinógenas durante a Inquisição, uma vez que algumas das bruxas que foram queimadas, eram, na verdade, curandeiras que usavam plantas para curar as pessoas.
Quando invadiu o Egito, Napoleão proibiu o plantio da erva, pois era de lá que vinha o cânhamo que abastecia a Inglaterra. Porém, suas ordens foram ignoradas: não somente o cultivo da planta, mas também o hábito egípcio de fumar haxixe continuaram. O tal hábito chegou a virar moda entre os intelectuais da Europa.
A erva foi trazida para a América do Sul pelos colonizadores e as primeiras plantações foram feitas no Chile, pelos espanhóis. No Brasil, chegou no século XVI, trazida pelos escravos africanos que a utilizavam em rituais de Candomblé.
Foi então incorporada a algumas tribos indígenas, em seus rituais. No final do século XIX, a erva era considerada um medicamento e era utilizada por muitos laboratórios farmacêuticos americanos para produzir analgésicos, evitar convulsões e dilatar os brônquios. Esse interesse na medicina reduziu-se no século seguinte, devido à morfina e barbitúricos, que apresentavam melhores resultados.
No começo do século XX a erva, ainda que uma droga licita, não era muito aceita pela classe mais alta da população: no Brasil era associada aos negros, na Europa aos árabes e indianos e nos Estados Unidos aos mexicanos, ou seja, era associada às camadas mais baixas e mais rejeitadas da população. Porém, economicamente, a maconha era muito importante: era utilizada na fabricação de remédios, papel, tecidos, cordas, redes de pesca, óleo, combustíveis, entre outros.

Nos Estados Unidos, entre 1920 e 1933, houve a Lei Seca, que proibia as bebidas alcoólicas e que acabou sendo uma ajuda para a popularização do uso da maconha como droga alucinógena, principalmente entre artistas e músicos. Mas, com a crise da Bolsa em 1929, a erva, que também era muito utilizada pelos mexicanos, começou a ser relacionada com a marginalidade: sexo promíscuo e criminalidade eram apenas algumas das associações preconceituosas que eram feitas.
Mas a difusão do costume de fumar as folhas secas da planta começou no Oriente Médio, onde o uso do haxixe, nome que lhe deram os maometanos, era prática muito comum.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

What if...

Queria que fosse tudo como eu sonhava quando era miúdo. A pegar nos legos a monta-los até fazer uma casinha e imaginava "quando for grande quero casar, ter filhos e viver numa casinha como esta". Inocente e ingénuo, é tudo o que posso chamar aquele miudo à muito perdido atrás de portas fechadas, bem lá atrás no cantinho das memórias.

As pessoas não sou como imaginava. São maliciosas e não se apercebem do mal que fazem pelas palavras que proferem. Tudo o que ouço a respeito dos outros só consigo imaginar o que se diz quanto a mim. Tenho pena. Não gosto de falar mal das pessoas, apesar de (como toda a gente) lá critico uma outra acção de algumas pessoas, mas coisa que nunca pensei foi ver tantas pessoas a compartilhar a caracteristica tão uniforme.

Ainda sonho, sem legos e casinhas, mas ainda sonho com o meu pequeno e possivel lar, com mulher (filhos ja se começa a por em duvida) mas tudo o que quero é uma mulher que partilhe uma vida comigo, uma mulher que passe comigo todos os momentos. Alguem que possa chegar aos 60 anos e sorrir-lhe e dizer "foi a melhor vida que alguma vez poderia ter".

Mas como é possivel se nao encontrar ninguem como eu? Das relaçoes que tive o que resultou foi tristeza e arrependimento. Apenas uma pessoa me fez sentir completo e a relaçao encontrou um beco sem saida.
E o sentimento de dar mais do que receber nao ajuda. Eu dou dou e dou. E quando dou por mim ja nao sou eu a dar mas sim a pedirem. E eu que recebo em troca? Um par de respostas mal dadas.

Tal como tenho vindo a dizer há muito e como todos os deprimidos e emo's e etc. dizem "quero desaparecer".
Mas desaparecer nao e da frente de ninguem, e da Terra mesmo. Quero apanhar um avião direito para o despiste. Quero apanhar um comboio para o fundo do mar. Quero apanhar um táxi bomba.

Quero que me aconteça algo que faça ter vontade de viver, ou então que a vida desista de mim. Estou farto de não ter sentido em viver.

Adeus

sábado, 23 de outubro de 2010

Life's never good enough

Estou com sono. Ontem saí até tarde. De manha tive sessão de cinema com a família e são 16:18 e estou a desesperar. Não sei para que lado me virar, não consigo parar de ouvir musicas do Pedro Abrunhosa e chorar a pensar na Joana. Há dias era a Liliana. Mas ela desiludiu-me. Mas a culpa é minha, quem acha demais das pessoas sou eu.

Tenho a mania de acreditar que existem pessoas perfeitas. O nível de "desapontamentos" este ano subiu em flecha. Apetece-me atirar de uma ponte com uma corda nos pés. É isso. Quero fazer bungee jumping. Quero sentir o meu corpo em direcção ao chão duro. Quero sentir o meu corpo em queda livre, quero sentir a minha vida por um fio e ficar de pernas para o ar, para poder ver o mundo direito. Quero sentir-me preso à única coisa que me faz viver. Que coisa é essa? Por muito tempo acreditei que fosse a Joana. E começo a acreditar que seja ela. Mas até ela se comporta de maneira estranha. Que se passa neste mundo? É nestes momentos que reverto para as questões da vida

(cai-me uma lagrima)

Que estamos aqui a fazer? O que é que se está a passar à nossa volta? Sinto tudo e todos completamente fora de si. Até eu. Quero encontrar o caminho que me leverá à plenitude. Mas não consigo. A única coisa que me fez viver todos estes anos foi pensar que um dia iria encontrar alguém que me fizesse feliz, alguém com quem partilhar a única coisa que temos de valor neste mundo, a nossa própria vida. E encontrei-a. E vivi muitos bons tempos, mas os caminhos dividiram-se. Um para sul outro para norte. Como o Sol e a Lua que se encontram de longe a longe. A minha vida começou a desmoronar depois desse momento. Até hoje não consegui recompor-me. Tenho picos de felicidade. Mas a minha vida tem sido na sombra do passado. Não há ninguém que me dê o valor que ela me deu.

(cai-me outra)

Quero-a de volta. Quero-a só para mim. Quero voltar a sentir uma ligação quase eterna. Uma ligação pela alma. Quero poder sentir cada batimento do teu coração. Quero ouvir a tua respiração. Quero sentir a tua pele debaixo dos meus dedos. Quero sentir os teus labios encostados aos meus (mais uma vez).

Estou confuso. E só quero desaparecer.

Adeus

terça-feira, 19 de outubro de 2010

19 de Outubro

7h

Acordo, sinto o frio matinal, e enrolo-me mais uma vez nos lençóis. Vem-me à cabeça a música que tinha ouvido antes de adormecer, imagino-me já a correr pelo campus como tinha planeado. Mas só me apetecia ficar enrolado naquele ventre quente que não era nada familiar. Penso, e penso mais uma vez. Ela não sai e não quer sair. Porquê? Não sei. Tudo o que sei é que a vida é um mistério e não há razões, apenas porquês. Olho para o relógio projectado no tecto. São 7h10, já devia estar na cozinha vestido e pronto a correr. Não quero. Tenho de me levantar mas não quero. Vou ficar só mais um bocadinho.


12h

Acordo sobressaltado, a Maria acordou-me. João já passa do meio-dia. Lá se foi a aula. Mais uma. Tenho de acordar para a vida, os planos estão na cabeça. Mas nada sai como quero. Tento deitar-me cedo mas nao adianta. Tomo banho e visto-me. Não há nada que faça sem que a Lili não me apareça nos pensamentos. Já me chamaram pinga-amor e sempre neguei. Mas começo a achar verdade. A história que tenho com o sexo oposto é longa e complexa e cada vez se torna mais complicada. São as mulheres as complicadas? Ou são os homens? Questões que me fazem querer desistir de tudo. Mas a vida é mesmo assim. Há que saber enfrentar os desafios.

Saio de casa e vou ao café. Nem almocei. Preciso de atinar. A Maria vem comigo. Somos praticamente inseparáveis, tudo ou quase tudo graças ao viver-mos juntos. Sinto que ela é das poucas pessoas em quem posso confiar. Ela é sem dúvida quem me prende a esta cidade. Já muito e muitos me agarraram e largaram. Ela não.

Já são 13h
e ainda não entrei na sala. Olho para o telemóvel. Nada. Nem uma única mensagem a responder-me ao "semi desespero" de ontem. Sinto-me especialmente diferente de todos. Sou a única pessoa que conheço que não consegue ocultar, nem mentir. Tudo o que me vem à cabeça digo aqueles em quem consigo confiar e desabafar. São poucos. Muito poucos. Uma mão chega para contá-los, secalhar até meia mão.
Voltam-me os pensamentos de quando era adolescente e inconsciente. Apetece-me fugir e isolar. Porque? Mais uma vez, não sei. São estas questões que me mantém vivo. Tal como alguma uma vez num sitio qualquer disse "A felicidade não é um destino é um caminho" ou então "A vida não é a felicidade com momentos tristes, é tristeza com momentos de felicidade"
Não concordo nem discordo com nenhuma das duas. Afinal , ao que já passei tanto posso afirmar como negar ambos os provérbios (se é que o são).
Duas décadas desde que saí para o mundo, e em duas décadas sinto que ja vivi quatro. Sinto que tenho muito para viver, mas que já vivi demasiado para a idade e mentalidade que tenho. Coisas e situações inimaginávies para quem lê ou mesmo para quem (mal) me conhece. Para os outros sou um gajo normal com provavelmente má fama por razões pouco importantes, razões de "revista cor-de-rosa".

16h

Saio da sala e dirijo-me aquele edificio renegado e especialmente desenhado para "aqueles". Ela está lá. Vou ao bar e encontro alguém que me fez sorrir verdadeiramente pela primeira vez na vida. Não a conheço, mas é uma das razões que me poderá fazer voltar àquele edifício requisitado. O espritio e energia que me transmitiu foi mesmo especial. Um dia vou lá e agradeço. Estava a cantar "sai, sai da minha vida..". Curioso, estava a cantá-lo e não consegui encontrar pessoa mais sorridente no meu dia inteiro. Depois de lhe sorrir ela responde-me com palavras e inicío o que poderei com toda a certeza afirmar, o diálogo mais incomum de todo o dia, não pelo seu conteúdo mas mais uma vez pela capacidade de me fazer sorrir intemporalmente.
Outra curiosidade, e agora revertendo para o conteúdo da dita conversação, foi o facto de me contar ou, para os mais curiosos "confidenciar" , que não "O" queria deixar (relativamente à musica que soava pela sala iniciada pela mulher que me atendia ao balcão). Então pergunto-me eu, porque estava ela a cantar uma musica tão "amorosamente" repulsiva e a afirmar que não queria deixar o seu amado? E conseguiu fazer-me sorrir durante todo o meu diálogo.

Sento-me já com o metade da minha nata comida, e um Compal na mesa, com o meu telemovel , mais uma vez em branco, à espera que tamanha donzela saísse da sua sala para irmos até à pre-selecção de moda à qual nos tinhamos iscrito. E lá fomos, com o céu mais brilhante que nunca, até ao edificio antigo por trás das imponentes instalações da muy nobre academia.

16h e quase 17h

Ouço "partiram o vidro" olho para trás e estava a bela da donzela perplexa a olhar para o vidro traseiro de um carro da década de 90. Mais um. Assaltos na mais antiga das terras deste país. Eram frequentes no ultimo mês. Setembro e Outubro deram chegada, ao que parece, aos mais frequentes roubos dos últimos tempos.
"Universários" disse eu para a Dona, que nos é como uma segunda mãe (sem ofensas, ou encargos envolvidos), já dentro do café e após lhe ter contado o que tinha visto. Como é possivel pessoas que supostamente se estão a formar e que têm educação e mentalidade suficiente para saberem o que é errado, e que se dedicam a tão rude acto. Mas é a sociedade em que este mundo vive, reles e imunda.

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